A saga do aspirador vertical

Marketing se não é tudo é quase.

Um comercial bem feito te deixa doidinho para comprar ou pelo menos para conhecer o produto.

E foi através do marketing da minha cunhada que tudo começou!

Um dia desses ela me falou de um aspirador vertical poderoso que limpa sofá, colchão e nos livra de ácaros indesejáveis. Fiquei curiosa.

No outro dia ela posta no grupo de whatsapp da família as fotos da poeira que saiu do colchão do filho dela. Impressionante!

Depois disso comentei com a Fernanda sobre o custoXbenefício e tava eu lá ligando o notebook do marido pra comprar o dito cujo pra nós duas (meu marketing funcionou pra ela).

• Bruno, posso usar seu note?
• Pode!

Liguei o note e vi um sinal de bateria baixa. Perguntei pela fonte e ele disse que não precisaria.

• Fica tranquila que dá pra você comprar seu aspirador de boa!
• Ok!

Lá fui eu www. compra logo e sai desse computador antes que a bateria acabe.com.br

Digitei os dados, me cadastrei no site, coloquei a opção de retirar na loja. Felicidade total pois em menos de 24h já estaria com meu produto em mãos.

Quando fui alterar a quantidade de 1 para 2 aspiradores o site começou a travar. Pedi a ajuda do maridão (super entendido de computadores e afins). Obviamente ele fez tudo que eu já tinha feito e NADA. Resolvi fechar a compra e fazer uma nova para a Fernanda.

Compra dois iniciada quando de repente o bateria acaba. Três horas para encontrar o cabo reserva (o original fica no trabalho).

Eu, tranquila como sou, sentei bufando, quase mandando o note para outra dimensão juntamente com o marido, respirei fundo e comecei a compra novamente.

Entrega pelo correio ou retirada na loja? Assinalei retirada em loja e apertei o enter. Quase perdi a respiração quando vi a confirmação o endereço de retirada era diferente e muito distante da primeira loja que eu havia comprado. PQP!

Tudo o que eu tinha a fazer era esperar e negociar para conseguir retirar os dois aspiradores na loja do shopping.

É claro que seria simples! #SQN

Dia seguinte com a confirmação da chegada em loja em menos de 24 horas após a compra, segui com a Fernanda para o shopping.

Fui na fila do crediário com meu documento em mãos. Já sabia do procedimento porque eu mesma busquei o da minha cunhada.

Sabia até que tinha que apertar uma campainha para o moço do estoque vir atender (a primeira vez demorei um pouco pra descobrir isso). Na minha frente da fila duas senhoras com a compra do mesmo produto.

Ah! Nessa hora eu já tinha descoberto que teria que ir até o centro da cidade para retirar o outro aspirador, sem choro nem vela. E a Fernanda não aguentou esperar e foi resolver outras coisas no shopping.

O moço do atendimento pega minha nota, a das senhoras da minha frente, sobe para o estoque, demora um bom tempo e desce coçando a cabeça e diz: Não tem mais esse aspirador. Só o mostruário. Oi?

Comecei a lembrar a saga da compra. Pedi pra conversar com o gerente. As mulheres começaram a dizer que estavam na minha frente e que se tivesse o produto seria delas. Não aguentei e disse:

- Eu comprei ontem!

O gerente falou que se realmente não tivesse eu teria que retirar em outra loja.

Numa terceira loja?

O estômago começou a revirar.

Ele sobe depois desce do estoque com o dito cujo do aspirador e me entrega.

Aleluia! (aleluia parte 1, ainda tinha o outro).

Numa dessas conversei com a Fer e resolvemos aproveitar a tarde e ir ao centro da cidade, pegar o aspirador dela e acabar com essa sina.

Trânsito do cão, ruas congestionadas. Desci do carro e deixei a Fer procurando uma vaga pra estacionar.

Ao chegar na loja não acreditei que podia caber tanta gente num lugar só. Esbarrando em pessoas, sofás, geladeiras e fogões, passei por uma fila gigante mas fui direto ao crediário. Informação privilegiada? Não. Experiência na pele mesmo.

Conversei com uma funcionária simpática que me disse para subir no primeiro andar e pegar diretamente na entrega.

Zig zag entre pessoas, micro-ondas, lava louças. Subi como uma atleta de funcional, recuperei o fôlego e pedi meu aspirador..

O rapaz ao saber que minha compra era pela internet pediu para eu descer e emitir nota fiscal. Jura?

Desço correndo, me acotovelando entre as pessoas, falo com a santa que me atendeu quando cheguei. Entreguei meu documento à outra funcionária, sentei e esperei um minutinho. Digo, muitos minutos. A impressora travou, o sistema de notas estava fora e ali permaneci mais uns quinze minutos pelo menos. Enfim a nota fiscal saiu e eu desinbestada subi para o primeiro andar pedindo para retirar o aspirador. Infelizmente não era mais o mesmo funcionário.

Ele foi até o estoque e disse:

• Moça, eu não tenho esse produto aqui não!
• O que?

Respirei cachorrinho, emiti um mantra mental e com toda a educação que me restava falei que o produto era meu, já estava em loja e que eu havia recebido a confirmação pela internet. Ele olhou o sistema, me deu uma sacola vazia e a nota fiscal com o carimbo de ENTREGUE assinado e disse:

• Pode pegar com o vendedor que efetuou a venda lá embaixo.

Tirando o último ar que restava no meu pulmão falei:

• Eu comprei pela internet e não com um vendedor dessa loja!
• Ah, então procura um vendedor e pega com ele.

Desci as escadas me sentindo no filme “Um dia de fúria” e pensando no porque as pessoas perdem a cabeça…

Encontrei três vendedores juntos, mostrei a nota e disse:

• Agora só preciso do aspirador, sacola já tenho!
• É pra retirar lá em cima, senhora!

Daí já não tinha mais paciência e ainda que aquelas criaturas estivessem me vendo pela primeira vez despachei:

• Vocês tem um produto aqui! (estava vendo uma caixa).

E uma delas me solta:

• Só se você levar o mostruário!

De novo?

• Liga pro cara do estoque e se acerta com ele, daqui não saio sem meu aspirador.

Dois dedos de prosa depois um dos vendedores me entrega o aspirador e a vendedora me diz:

• A senhora ainda teve sorte. Eu quase vendi esse aspirador há cinco minutos!

Sorte? Jura?

Sai bufando em direção ao carro, que por sorte a Fer conseguiu estacionar bem pertinho.

O produto é bom? É!

Mas a única coisa que eu conseguia pensar era aquela música do Mamonas Assassinas: “Quanta gente, quanta alegria, a minha felicidade é um crediário nas casas…”

Andréa Cristina Figueira

Blogueira e ser evoluído (acho que evoluí por não ter feito mal a nenhum ser humano depois dessa)